Para surpresa de muitos, os cães apresentam um nível de consciência que nos forçará a repensar as formas como eles são tratados.
Há um artigo fascinante no New York Times escrito pelo professor Gregory Burns que descreve o seu mais recente trabalho sobre cães. Depois de treinar e digitalizar os cérebros de dezenas deles, ele chegou a conclusão de que “os cães são pessoas também.”
Ao contrário de análises comportamentais, o trabalho de Burns está fornecendo evidências neurológicas reais de que os cães, bem como tantos outros animais, têm uma consciência e sentem emoções a um nível comparável aos seres humanos.
Ele fez isso após treinar cães por meses para colocá-los dentro de scanners de ressonância magnética – usando protetores de ouvido para proteger a sua audição dos 95 decibéis que o scanner emite.
Depois de analisar os exames, ele ficou impressionado com a semelhança entre os cães e os seres humanos, sobretudo em uma região chave do cérebro chamada núcleo caudado.
Ele explica:
Rico em receptores de dopamina, o caudado fica entre o tronco cerebral e o córtex. Nos seres humanos, o núcleo caudado desempenha um papel fundamental sobre as coisas que gostamos, como a comida, o amor e o dinheiro. Mas podemos inverter esta associação e inferir o que uma pessoa está pensando apenas medindo a atividade do caudado? Devido à enorme complexidade da forma como as diferentes partes do cérebro estão ligadas uma a outra, geralmente não é possível fixar uma única função cognitiva ou emoção de uma única região do cérebro.
Mas o núcleo caudado pode ser uma exceção. Partes específicas do caudado se destacam por sua ativação consistente para muitas coisas que os seres humanos gostam. A ativação do caudado é tão consistente que, sob as circunstâncias corretas, é possível prever as nossas preferências por comida, música e até mesmo beleza.
Em cães, observou-se que a atividade no caudado aumentava em resposta a sinais de mão indicando alimentos. O caudado também ativou para o cheiro de seres humanos conhecidos. E, em testes preliminares, ele ativou para o retorno de seu dono que momentaneamente saiu de vista. Será que esses resultados provam que os cães nos amam? Não é bem assim. Mas muitas das mesmas coisas que ativam o núcleo caudado humano, que estão associados a emoções positivas, também ativam o núcleo caudado canino. Os neurocientistas chamam isso de homologia funcional, e isso pode ser uma indicação de emoções caninas.
A capacidade de experimentar emoções positivas, como o amor e o apego, significa que os cães têm um nível de sensibilidade comparável à de uma criança humana. E essa capacidade sugere repensar a forma como tratamos os cães.
Fonte: mistériosdomundo.com