O Ministério do Meio Ambiente contratou uma consultoria ao custo de R$ 800 mil para criar uma ferramenta de engenharia que vai monitorar o andamento dos planos setoriais de redução de emissões e adaptação às mudanças climáticas nas áreas de indústria, transportes, energia e agricultura, informou o secretário nacional da Secretaria de Mudança do Clima e Qualidade ambiental da pasta, Carlos Augusto Klink.
Com isso, o governo tentará cumprir até 2020 as metas de redução de gases de efeito estufa que integram a Política Nacional sobre Mudanças do Clima. Seu objetivo é cortar entre 36,1% e 38,9% as emissões projetadas para o país até 2020.
O projeto experimental deve ser apresentado na próxima semana em Varsóvia, na Polônia, onde acontece até o próximo dia 22 a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 19.
De acordo com Klink, a elaboração desse instrumento quer constatar se ele funcionam e, caso contrário, o que terá de ser corrigido a tempo de cumprir as metas de corte. O secretário não deu detalhes sobre em que consiste exatamente a nova ferramenta.
Será apresentado pelo governo “um pequeno protótipo” do novo mecanismo, mas, segundo Klink, já há “planos mais avançados” a respeito. “Serão como centrais de inteligência, que vão apontar como vamos arrumar alguma coisa [que estiver errada]. Não vai haver monitoramento apenas da liberação dos gases de efeito estufa e sim se a política está sendo implementada”, explicou Klink ao G1.
Os planos setoriais fazem parte da política brasileira para cortar as emissões de gases até 2020. O compromisso foi assumido de forma voluntária em 2009, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP 15, realizada em Copenhague. Outros dois projetos também estão em andamento e focam no combate ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado.
Para organizações ambientais, analisar e controlar as emissões da indústria e do setor de energia são alguns dos principais desafios do Brasil.
De acordo com o Inventário Nacional de gases-estufa, lançado este ano pelo governo, que avaliou o período entre 2005 e 2010, a área de energia aumentou em 21,4% suas emissões e o setor industrial, 5,3%.
Já um levantamento feito por uma rede de organizações ambientais do país e que analisou as emissões entre 1990 e 2012, mostrou que os gases da geração de energia passaram de 193 milhões de toneladas de CO2 em 1990 para 436 milhões de toneladas em 2012, alta de 126% em 22 anos. Emissões da indústria aumentaram 65%, segundo o mesmo estudo.
André Nahur, coordenador do programa de Mudanças Climáticas e energia da organização ambiental WWF, disse que os planos não devem apenas quantificar os gases, mas englobar um desenvolvimento de baixo carbono e de baixo impacto social e ambiental.
Sobre a exploração do pré-sal, Nahur explica que o governo ainda não está preocupado com o impacto das emissões provenientes da exploração do combustível fóssil. Ele cita que a exploração do campo de Libra, leiloado no mês passado, deve gerar 5,9 bilhões de toneladas de CO2 em 35 anos, fazendo com que o país continue sendo “um dos maiores emissores mundiais, mesmo com a redução significativa do desmatamento”.
“Os planos setoriais existentes não dialogam entre si, são estratégias sem conexão. [...] O PNMC deveria fazer esta análise e discutir de forma integrada e eficiente como os planos podem trabalhar integradamente para que uma redução efetiva das emissões aconteça e que o Brasil consiga construir um futuro de cenários estáveis de baixas emissões garantindo ainda seu desenvolvimento”, disse o porta-voz do WWF.
Klink, do MMA, defende que a política do clima é integradora e disse que o plano decenal de energia tem o objetivo de “manter uma matriz energética diversificada” e que o governo terá um olhar para as emissões do petróleo. “Acho que isso está sendo estudado pelo Ministério de Minas e Energia. O objetivo é reduzir as emissões sim, sendo eficientes, mas também é um país que precisa crescer economicamente”, explicou Klink.
(Fonte: G1)
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