Seca e incêndios são parte de novos extremos do tempo na região
Um novo estudo, publicado na Nature, fornece mais evidência de que a seca e os incêndios estão reduzindo a capacidade da Amazônia de armazenar carbono, aumentando as preocupações de que a maior floresta do mundo passe de um sorvedouro a uma fonte de gases estufa.
Usando aviões para coletar amostras sobre a Amazônia em quatro locais, duas vezes por mês, durante dois anos, uma equipe internacional de pesquisadores descobriu que a floresta é quase neutra em carbono em anos úmidos, mas se torna uma fonte dele em anos secos, devido a um crescimento mais lento da vegetação e ao aumento da incidência de incêndios.
“A Amazônia está mudando. Estamos observando mais anos mais muito secos e mais anos muito úmidos”, disse John Miller, do Instituto Cooperativo de Pesquisa em Ciências Ambientais da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA, na Universidade de Colorado, em Boulder. “Se estas tendências continuarem, a região pode se tornar uma fonte líquida de carbono para a atmosfera, movendo o carbono preso em ecossistemas para o ar como gás estufa, e assim acelerando o aquecimento global“.
Os resultados são baseados em uma comparação entre 2010 – um ano de seca extrema – e 2011, um ano úmido. Em 2010, incêndios liberaram cerca de 500 milhões de toneladas métricas na atmosfera, ou perto de 200 milhões de toneladas a mais que em 2011, sequestrando menos CO2 com menores taxas de fotossíntese, resultado de menor disponibilidade de água.
Os resultados são consistentes com outros trabalhos, “mas a primeira vez que observamos o equilíbrio de carbono em toda a bacia em um ano muito seco e um muito úmido”, disse o co-autor Emanuel Gloor, da Universidade de Leeds, na Inglaterra.
A co-autora Luciana Gatti, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, em São Paulo, acrescentou que serão necessários mais estudos para determinar se a tendência é consistente além dos dois anos de observações, informa o Planet Earth.
Fonte: Planeta Sustentável