O objetivo do projeto é retratar de forma inédita o Parque Nacional de Ilha Grande, as APAs Intermunicipais e os municípios que fizeram parte da história da criação do parque através do CORIPA, o primeiro consórcio intermunicipal do Brasil a ser fundado unicamente com o objetivo de conservar uma área protegida.
A Itaipu Binacional contribuiu com parte dos custos de pré-produção na região do Parque Nacional de Ilha Grande, somando forças ao projeto evidenciando de forma inédita a grande importância de retratar este corredor de biodiversidade que é o rio Paraná.
Apresentar o Parque Nacional de Ilha Grande e suas belezas naturais;
Abordar as APAs Intermunicipais, Unidades de Conservação de Uso Sustentável, as quais circundam o parque nacional exercendo um importante papel como zona de amortecimento;
Destacar os municípios do CORIPA, que juntos em uma parceria inédita atuam na conservação do rio Paraná e no desenvolvimento socioambiental da região;
Mostrar uma região com grande potencial socioeconômico aliado à conservação ambiental;
Abordar a importância do Corredor Trinacional e destacar o corredor de biodiversidade Santa Maria como elo fundamental de ligação entre o Parque Nacional de Ilha Grande e o Parque Nacional do Iguaçu;
Exaltar a natureza e a biodiversidade.
O livro com acabamento luxuoso, capa dura, cor 4x4, no tamanho 35cm x 26cm, terá 166 páginas no papel couchê 150gr , com tradução para o Inglês e Espanhol, está orçado em R$ 230.000,00 para uma tiragem de 3 mil exemplares.
O lançamento em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer, está previsto pra o mês de Outubro de 2011, após a comemoração do aniversário de 14 anos do Parque. Junto ao lançamento haverá uma exposição de fotos itinerante que circulará pelos municípios consorciados ao Coripa. O livro será lançado também em São Paulo, Brasília, Maringá e Foz do Iguaçu.
A obra, produzida pelas fotógrafas Liz Wood e Miriam Gomes, contará com textos da jornalista Clarissa Rocha e assessoria técnico-científica de Erick Caldas Xavier.
PARQUE NACIONAL DE ILHA GRANDE
Por Clarissa H. Rocha
Conhecer o Parque Nacional de Ilha Grande é estar imerso no real significado de natureza: seus 78 mil hectares preservados evidenciam, apenas ao navegar por entre as ilhas que o formam, a importância desta unidade de conservação ao longo do último trecho do rio Paraná que se encontra, hoje, da mesma maneira como nasceu.
As mais de 200 ilhas convivem em perfeita harmonia com o rio, que entrelaça suas margens pelas terras que são abrigo para mais de 80 espécies ameaçadas de extinção. O arquipélago de Ilha Grande é, hoje, exclusivo para a fauna e a flora, habitantes naturais da região que, sob o título de Parque Nacional, visa recuperar e preservar as riquezas naturais do chamado “pantanal paranaense”.
O início da história remete à construção da maior hidrelétrica do mundo e o então desaparecimento do Parque Nacional de Sete Quedas, na década de 1980, e tem seu ápice com o projeto de construção da Usina Hidrelétrica de Ilha Grande – que mais tarde ficaria apenas no papel. A situação das terras à beira do trecho do rio Paraná em que hoje se encontra o PNIG estava em estado de degradação, e precisava de uma proteção ambiental significativa para que suas riquezas não corressem o risco de desaparecer, sob as ameaças do contexto histórico.
O cenário no arquipélago de Ilha Grande, em cujos moradores – ilhéus – haviam criado uma vila habitada, tendo a agricultura como principal atividade econômica, tornou-se complicado com grandes cheias do rio que a região enfrentava. A conseqüente migração de grande parte da população para os municípios do entorno fez com que as ilhas fossem tomadas por fazendeiros e sua atividade pecuária: a condição do gado bovino naturalmente gera devastação florestal e desequilíbrio ambiental, os quais chegaram então a estado crítico.
A atuação do Ministério Público, já presente na região para controlar outras atividades como a extração ilegal da Pfaffia (conhecida como ginseng), extração de argila, depósito de areia e drenagem, se voltou para a atuação dos fazendeiros: a retirada do gado foi gradualmente feita em parceria com o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e o Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural).
Paralelamente, os municípios de Altônia, Alto Paraíso (então Vila Alta) e São Jorge do Patrocínio se organizavam para criar APAs (Área de Proteção Ambiental) municipais: a conservação ambiental oficializada seria o argumento final para as ações relacionadas à pecuária, além de trazer aos municípios recursos originários do ICMS ecológico (benefício fiscal destinado aos municípios paranaenses que mantêm unidades de conservação) e ainda a possibilidade de promover o turismo ambiental.
Desde 1991, a região já contava com uma área designada Estação Ecológica Estadual, com área de 28 mil hectares – que mais tarde seria a Zona Intangível do Parque Nacional de Ilha Grande – mas que não satisfazia às condições ambientais, culturais ou mesmo socioeconômicas do complexo ecossistêmico.
Em 1994, então, nascem as APAs municipais, primeiro em Alto Paraíso, seguido de São Jorge do Patrocínio, Altônia, e mais tarde Icaraíma e finalmente Guaíra. Integrados, desenvolveram o Zoneamento Ecológico Econômico Intermunicipal – mapeamento que seria aproveitado para criação do Parque Nacional três anos mais tarde. Além de administrar com urgência a retirada do gado, as APAs recém-estabelecidas lidavam com problemas gerados pelo plantio de arroz na região.
A partir desta parceria entre as cidades no entorno de Ilha Grande, a fim de administrar as áreas municipais de preservação constituídas pelos varjões do rio Paraná e das terras continentais ao redor, além do arquipélago, é criado o CORIPA – Consórcio Intermunicipal para Conservação do Remanescente do Rio Paraná e Áreas de Influência, hoje com participação de Guaíra, Terra Roxa, Altônia, São Jorge do Patrocínio, Alto Paraíso e Icaraíma, com atuação também em Esperança Nova, que não possui APA, e Xambrê, inserido na área de proteção da Bacia do Rio Xambrê.
A atuação inédita da gestão compartilhada nas unidades de conservação ambiental instituídas na região teve continuidade e, em 1997, um Grupo de Trabalho Interinstitucional foi formado, em que CORIPA, IAP e IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) foram designados a analisar a criação de unidades de conservação federais.
O resultado deste trabalho se deu com a indicação de criação do Parque Nacional de Ilha Grande, com 78 mil hectares, e ainda da Área de Proteção Ambiental e Várzeas do Rio Paraná – uma APA federal – com 1 milhão de hectares. Os novos títulos de preservação foram decretados pelo então presidente da República e publicados em Diário Oficial da União em 1° de outubro de 1997.
Estava instituído o Parque Nacional de Ilha Grande – há dez anos o país não via a criação de uma unidade de conservação com este título. O próximo passo então era implementar mecanismos e definir prioridades: seguiam envolvidas as instituições do Grupo de Trabalho, parceiras desde então na administração do local.
A gestão compartilhada e participativa, apesar de viver momentos críticos ao longo de sua trajetória, é mantida, e hoje apresenta grandes avanços não somente na proteção ambiental – a qual é fiscalizada ativamente para impedir atividades predatórias e orientar atividades agrícolas e pesqueiras – mas também em aspectos legais e administrativos como a regularização fundiária das terras hoje pertencentes ao Parque – maior polêmica enfrentada pela unidade de conservação.
Ainda que com falta de recursos, inclusive humanos, na gestão colaborativa, o engajamento de órgãos como o CORIPA, o IAP, o IBAMA e posteriormente o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), torna possível a preservação de um local que, além de riquezas ambientais e ecossistêmicas, apresenta a real beleza cênica da natureza – um dos pré-requisitos para que suas terras, corredores de rio e habitantes da fauna e da flora sejam o conjunto formador do Parque Nacional de Ilha Grande.
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